Histórico da Família Cella

Vêneto - Itália

Tudo começou em Vêneto, na Itália, na província de Treviso, com o casamento de Andréa Cella com Mariana Parpinelli. Deste casal, nasceu Luigi, e até o momento, não se tem registro de outros filhos do casal. Andréa faleceu em 05 de abril de 1872. É o que se sabe sobre a primeira geração da Família Cella.

Luigi nasceu entre 1842 e 1844 e casou-se com Regina Bucciol em 28 de novembro de 1866, na paróquia de San Martino de Navolé, no Município de Gorgo al Monticano, província de Treviso. Luigi e Regina tiveram 09 filhos: Maria, Andrea, Giovanni (João), Luigia, Pietro, Giuseppe, Antonio, Rosa e Ângelo. Assim inicia a segunda geração da Família Cella.

A Itália encontrava-se super povoada, havendo miséria, sobretudo no setor agrário. As famílias camponesas estavam com dificuldades de sobrevivência, trabalhando e sendo mal remuneradas, isto causou mal estar na população italiana.

Na mesma época, o governo brasileiro desejava ocupar terras inexploradas e substituir a mão-de-obra escrava devido a abolição da escravatura. Assim, favoreceu a imigração de europeus, sobretudo de italianos e alemães. Os imigrantes vinham com ambição de adquirir terras e prosperar.

Diante das dificuldades na Itália, e da possibilidade de conquistas no Brasil, Luigi e sua família aqui chegaram no dia 10 de março de 1887, e se estabeleceram na Linha 3, em Alfredo Chaves próximo a Guaporé – RS. Sabemos que diversas famílias de sobrenome Cella vieram para o Brasil, vamos nos ater a Luigi, porque a maior parte dos Cella's que migraram para o Sul do Brasil pertencem a esta unidade familiar.

Fotos do livro que registrou a chegada de Luigi Cella, sua esposa Regina, e os filhos ao Brasil. Registros encontrados no arquivo histórico do Rio Grande do Sul, cidade de Porto Alegre. Pesquisa: Sadi Cella - 2011

A família Cella enraizou-se no Rio Grande do Sul, e viveu unida por 34 anos naquela região. Juntos: Luigi, sua esposa e seus filhos trabalharam na conquista de seus sonhos.

 

História da Família Cella em Chapecó – SC


Do Rio Grande do Sul, parte da família migrou para Santa Catarina, com carroças puxadas por mulas levando mais de 10 dias de viagem. Giovanni Cella (mais conhecido como João) era muito amigo do Coronel Ernesto Bertaso, responsável pela empresa colonizadora da época. O Coronel Bertaso havia adquirido parte das terras do Coronel Maia, e estava com medo de não poder pagá-las. Assim, ofereceu 100 colônias de terra, na Linha Formosa, para João, que escolheu as que possuíam água, localizadas entre os rios Ouro e Antas e mais 42 colônias no Passo dos Índios, hoje Chapecó.

A terceira geração da Família Cella desbravou as terras em Santa Catarina, João e sua esposa Ângela Mercedes Rosalém Cella foram os primeiros a chegar ao estado catarinense, abrindo caminho para Ângelo, seus filhos e mais tarde os sobrinhos, enraizando, nestas terras, também a quarta geração da Família, consolidando a Comunidade de Colônia Cella.

A história da Comunidade de Colônia Cella começa quando Vitório, filho de João e Ângela, casado com Augusta Debortolli, e seu irmão Luiz, casado com Maria Bortolotto, aqui chegaram em 29 de julho de 1923.

Vitório, Luiz e suas famílias, levaram 15 dias para percorrer o caminho de Guaporé até Colônia Cella. A viagem foi com muito sofrimento, angústias e incertezas, mas a vontade de vencer era maior.

Na vinda, a residência dos Pedroso (Sabino, Luiz e Francisco) era passagem obrigatória. A Família Pedroso, que morava onde hoje é o bairro Belvedere, era paradouro de historiadores e viajantes, que ali pernoitavam e paravam para descansar. A família também auxiliava os hospedados a chegar a seus destinos.

Ao chegarem em suas terras, encontraram mata fechada, animais silvestres e alguns vestígios de indígenas (pedaços de cerâmica, potes e panelas), mas hoje nada mais existe desta cultura no local.

Já em suas terras, a então pequena Família Cella, construiu casa, serraria, escola e a igreja, plantou milho, arroz, mandioca, criou porcos e gado, tudo com muita dificuldade, mas nada os impedia de continuar a caminhada que haviam escolhido: desbravar a região Oeste de Santa Catarina. Escolheram então o nome “Colônia Cella” para a comunidade que começava a surgir.

Uma vez instalados Vitório e Luiz Cella, passaram a incentivar novas famílias a virem para a localidade. Assim chegaram: Alécio Alexandre Cella, Ângelo Nissola, Luiz Carraro, Ernesto Cella, Fortunato Carraro, Jacinto Cella, Mansueto Onghero, Andréa Cella, Antonio Cella, Pedro Bringhentti, João Cella Sobrinho, Fernando Favaretto, Batista Giordan e Antonio Onghero. A Família Cella dava suporte a todos os que aqui chegavam.

A organização da vida comunitária seguia as tradições dos italianos. O terço era rezado todas as noites pelo chefe da família. E aos domingos as famílias se reuniam na casa de Alécio Cella para a oração do terço. Nos dias de finados rezavam o rosário completo.

A luta destes desbravadores foi marcada por muitos sacrifícios e dificuldades. Como na época não havia meios de comunicação, essas famílias combinavam alguns códigos e com o berrante se comunicavam ao surgir problemas e imprevistos.

Em 1933 construíram uma casinha que servia de igreja e de escola na propriedade de Alécio Alexandre Cella. Até 1962, a Igreja e a Escola dividiam o mesmo espaço. A escola foi multisseriada até 1975, a partir deste ano, passou a ser Escola Básica Municipal. O primeiro professor foi Fernando Favaretto e a primeira catequista Maria Cherobim Favaretto. Alécio foi por muitos anos capelão da comunidade, presidiu a oração do terço, a via sacra e outras orações. A Comunidade teve quatro igrejas, a primeira em 1933, a segunda em 1940, a terceira em 1962, e a quarta e atual, em 1999.

O primeiro padre que visitou a comunidade foi o Padre Plácido que vinha a cada seis meses da paróquia de Palmas – PR e mais raramente (em datas especiais), o Bispo Dom Eduardo Bandeira Savoia de Mello, também de Palmas.

Como as lavouras eram “roças novas” e infestadas de animais peçonhentos, São Paulo foi escolhido padroeiro da Comunidade, por ser o Santo protetor contra picadas desses animais. Isso veio fortalecer a fé dos moradores de Colônia Cella ao nosso padroeiro, pois, nenhum morador foi picado por cobras venenosas no decorrer desses 85 anos de comunidade.

Daqui saíram sete religiosos: Irmã Maria Tereza Cella, Irmã Mercedes Cella, Irmã Azelinda Cella, Irmã Luiza Cella, Irmã Elvira Cella, Irmã Zelinda Onghero, Irmã Edite Onghero e o Irmão Marista Sadi Cella.

Os primeiros ministros de nossa comunidade foram: Srs. Maurílio Antonio Cella e Darci Onghero. Atuaram ainda como ministros: Arlindo Rama, Zaidir Fillipin, Moacir Sabadin, Maristela Cella, Nédio Carraro, Edgar Orso, e Delci Carraro. Atualmente estão atuando: Cleucir Favaretto (23 anos), Hilário Capitânio (18 anos), Idalina Peron (14 anos), Neusa Peron Cella (14 anos), Maria de Lourdes Milan (11meses). E mais ministros dos enfermos: Adélia Vicenzi (in memorian), Rosa Onghero (14 anos).

A comunidade conta hoje também com o trabalho dos ministros. Antes que houvesse o trabalho desses membros da igreja, as pessoas se reuniam pela manhã para ouvir, através da Rádio Chapecó, a missa da Catedral Santo Antonio e à tarde para rezar o terço. Certa vez, a igreja foi arrombada e o rádio e outros pertences da comunidade foram roubados. Então, Guilherme Nissola trazia seu rádio portátil para que todos pudessem acompanhar a missa.

Uma curiosidade é que alguns casamentos foram realizados entre parentes. O padre e os noivos vinham a cavalo para a cerimônia. No dia do casamento a mãe da noiva não participava das celebrações, ficava em casa na companhia de uma vizinha. A festa era sempre realizada na residência do noivo, mas iniciava com o café da manhã na casa da noiva.

As famílias iam a cavalo ou Jipe até o antigo Passo Bormann para comprar os gêneros que não produziam.

O divertimento na época era tocar gaita, então faziam, semanalmente, rodízios de visitas entre as famílias, da primeira casa até o último morador, cantando, comendo bolachas caseiras, tomando vinho e chimarrão. No início eram apenas cinco famílias. Com o tempo, esse número foi aumentando, e com o passar dos anos alguns seus descendentes aqui se estabeleceram e outros partiram para outros locais.

Dessa comunidade se desmembraram os bairros Belvedere e Trevo, e as linhas Sarapião e Campina do Gregório.

A família sempre foi muito unida, e na política não foi diferente. Antigamente só existiam dois partidos, e os votos eram todos destinados ao candidato que decidissem apoiar. A Família Cella também teve seus representantes na política municipal. Foram eles, Chixto Romano Cella, vereador, e Élio Francisco Cella, vereador e vice-prefeito.

A Colônia Cella hoje é uma comunidade expressiva, formada por muitas outras famílias que no decorrer do tempo foram se instalando e fortalecendo a comunidade na vida social, econômica, política, religiosa, dentro do município de Chapecó.

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